quarta-feira, 23 de março de 2016

SeaWorld tenta desesperadamente manter visitantes

A maioria absoluta dos meus leitores, a esta altura, já sabe sobre o comunicado do SeaWorld da semana passada de que estão encerrando o programa de reprodução de Orcas em cativeiro (o que já foi noticiado por diversos canais de mídia aqui no Brasil), portanto, acredito não ser necessário registrar aqui no blog. Mas, apesar de eu considerar um primeiro passo para o fim desta era de cativeiros, não me convenci com este repentino posicionamento do parque. Para mim, isto nada mais é do que uma mudança estratégica desesperada para não perder ainda mais público. E, dentre minhas leituras sobre o assunto, encontrei esta opinião num jornal universitário da Flórida, nos EUA, e achei conveniente compartilhar com vocês. Faço das palavras do autor, as minhas!

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Por Breanne Williams

O SeaWorld finalmente cedeu às exigências do público! Depois de anos de protestos em todo o mundo, o parque anunciou na quinta-feira passada que vai encerrar seu programa de reprodução de Orcas e parar aos poucos com as apresentações ao público. Desta forma, esta será a última geração de Orcas em seus cativeiros (são 29 Orcas distribuídas em seus quatro parques).
O anúncio dividiu opiniões, muitos elogios de um lado, mas também muitas alegações de que a empresa deveria fazer mais a respeito do cuidado de seus animais. No entanto, não considerar que esta mudança nada mais é do que uma estratégia de negócios seria ingenuidade.
O SeaWorld tem enfrentado duras críticas e declínio no número de visitantes desde o lançamento do livro "Death at SeaWorld", em 2012, e do documentário "Blackfish", em 2013. Na verdade, a empresa perdeu mais de metade do seu valor de mercado desde 2013, de acordo com o Huffington Post. E mesmo com o esforço monumental de tentar tranquilizar seus visitantes de que os animais recebiam o melhor tratamento possível através de publicidade, a frequência diária despencou.
O SeaWorld então achou que teria uma chance de redenção ao ter a aprovação num projeto de expansão do tanque do parque de San Diego, lar de 11 Orcas, para o dobro de seu tamanho. Sonho este, que foi rapidamente destruído quando a Comissão Costeira da Califórnia decidiu que a empresa poderia aumentar apenas até determinado tamanho, desde que concordasse em encerrar seu programa de reprodução em cativeiro. Apesar de terem contestado a decisão, era óbvio que mudanças drásticas seriam necessárias para que o parque sobrevivesse ao boicote de um público agora moralmente consciente.
De repente, Joel Manby, o presidente da SeaWorld Parks and Entertainment, apareceu com um sorriso (forçado) no rosto declarando que o parque estava pronto para "responder à mudança atitudinal que (o SeaWorld) ajudou a criar". Ah sim, ele garantiu ao público que o SeaWorld estava pronto para abrir o caminho para um futuro socialmente consciente encerrando a reprodução e mostrando que suas Orcas possuem a melhor vida possível.
O fato de esta súbita mudança de ideia ter ocorrido dias após o deputado Adam Schiff  ter anunciado que uma nova legislação forçaria a empresa a acabar com o cativeiro de Orcas é mera coincidência.
No entanto, não parece que o novo ambiente será tão melhor assim. As baleias "farão parte de um ambiente natural e inspirador e não mais se apresentarão em shows", de acordo com a empresa. Mas o que exatamente isso implica, ainda não se sabe, porém é fato que, no próximo ano, o parque de San Diego dará início a esta nova versão de cativeiro. E em 2019, o parque de Orlando irá introduzir o "natural orca encounters".
Joel Manby ainda se dirigiu aos que pedem a libertação das baleias, afirmando: "A maioria das nossas Orcas nasceu no SeaWorld, e as que nasceram na natureza têm vivido em nossos parques a maior parte de suas vidas... Se nós as libertássemos, elas provavelmente morreriam. Na verdade, nenhuma Orca ou golfinho nascido sob cuidados humanos jamais sobreviveu à soltura".
Assim sendo, parece que Shamu realmente está aqui para ficar, bem, pelo menos por uma década ou mais, até que todas elas baleias morram. Diferentemente de Orcas selvagens que vivem, em média, de 30 a 50 anos, "92% das Orcas do SeaWorld não sobreviveram mais que 35 anos de idade", de acordo com a Whale and Dolphin Conservation.
Portanto, parabéns, SeaWorld! Você definitivamente convenceu seu público de que esta mudança de atitude é grandiosa e sincera... E, de modo algum, uma derradeira e desesperada tentativa de recuperar os milhões que perdeu nos últimos anos.


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